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Da Oralidade à Escrita

Neste texto tentaremos abordar a importância da oralidade e da escrita e sua importância na vida de todos os povos que em lugares distintos, desde os tempos mais remotos até a contemporaneidade. Sabendo que o homem sempre teve a necessidade de se comunicar e que no decorrer do tempo essa comunicação foi sofrendo alterações que levou a mudanças profundas no modo de ser, pensar e agir dos seres humanos.


Mas como surgiu a escrita?

Na pré-história os povos utilizavam figuras para transmitirem informações, assim como encontramos hoje me várias culturas. A comunicação naquele tempo era através de desenhos grafados em pedras.
O desenvolvimento na habilidade do desenho surgiu no período de 30.000 a 25.000 a.C., quando a cultura da Antiga Idade da Pedra passou para o estágio do Paleolítico Superior.

Desenhos, de rabiscos feitos com os dedos na argila úmida, evoluíram para formas mais elaboradas, onde passaram a ser utilizadas as cores e a escala para representar grupos, bem como artifícios que davam a ilusão de movimento.
Nesses desenhos ou nessas marcas já existe o germe de alguma coisa parecida com um rudimento da escrita, sem, no entanto, constituir um sistema regular de notação da linguagem ou mesmo um ponto de partida histórico da escrita propriamente dita.

Escrita Cuneiforme

Sistema de escrita que surgiu na Babilônia, em meados do quarto milênio a.C. Consistia na gravação de caracteres, com haste de ponta quadrada, em tabletes de argila úmida posteriormente cozidos ao forno, resultando em incisões em forma de cunha, razão pela qual foi denominada de escrita cuneiforme.











Embora o Egito localizasse ao lado da Mesopotâmia, sua escrita desenvolveu-se de forma bem diferenciada. Seus escribas criaram os hieróglifos (Hieros = sagrado e gluphein = gravar; escrita dos Deuses) por volta de 3.000 a.C. Sua simbologia era capaz de exprimir, com clareza, qualquer coisa. Ela é mais complexa que a cuneiforme por dividir-se em três partes: os pictogramas, os desenhos estilizados e os fonogramas. Com ela os egípcios deixaram seus registros em todas as áreas, contemplando desde a medicina até a educação, da agricultura aos reinados etc.















Escrita Alfabética


A escrita, até chegar aos sistemas alfabéticos atualmente utilizados, passou por um longo processo de evolução, com inúmeras mudanças e transformações. Essa evolução foi marcada pelo surgimento do sistema de escrita ideográfica (cuneiforme, hieroglífico e chinês), que foi gradualmente conduzido para o fonetismo, sistema onde as palavras passaram a ser decompostas em unidades sonoras.
O fonetismo aproximou, portanto, a escrita de sua função natural que é a de interpretar a língua falada, a língua oral, a língua considerada como som. Dessa forma o sinal se libertaria do objeto e a linguagem readiquiriria a sua verdadeira natureza que é oral. Decompondo o som das palavras, o homem percebeu que ela se reduzia a unidades justapostas, mais ou menos independente umas das outras e nitidamente diferenciáveis. Daí surgiram dois tipos de escrita: a silábica, fundamentada em grupos de sons e a, alfabética, onde cada sinal corresponde a uma letra.
A escrita alfabética foi difundida com a criação do alfabeto fenício, constituído por vinte e dois signos que permitiam escrever qualquer palavra. Adotado pelos gregos, esse alfabeto foi aperfeiçoado e ampliado passando a ser composto por vinte e quatro letras, dividido em vogais e consoantes. A partir do alfabeto grego surgiram outros, como o gótico, o etrusco e, finalmente o latino, que com a expansão do Império Romano e o domínio do mundo ocidental.

A Oralidade

A linguagem oral, em função da sua espontaneidade, acompanha geralmente o desenrolar da experiência e confunde-se com ela. É, portanto, multifacetada e caracterizada pela passagem de um registro de palavras para outro, sem que se consiga bem distinguir os seus limites. A linguagem oral passa de um registro informativo para um registro afetivo. Numa conversação familiar ou numa discussão entre amigos predominam relações diretas, imediatas, face a face.
A forma animada como a palavra é trocada caracteriza-se por formas livres de enunciação, pela incompleta formação de frases, pela condensação de vocabulário, conta ainda com a plasticidade fonética e gestual da enunciação.
A oralidade tem vindo a adquirir uma crescente importância devido aos atuais meios de comunicação social (o discurso radiofônico e televisivo ou as modernas pedagogias audiovisuais, por exemplo).

Informalidade

É a forma mais comum da oralidade, contudo, apesar de raros, também existem casos de discurso oral formal, como em comunicações oficiais, em diálogos de cerimônias ou em momento de uso do poder lingüístico.


O Som

O suporte da oralidade é, sem dúvida, o som. A mensagem produzida tem a forma de cadeia sonora e é assim que esta é percebida. Com ou sem mediação eletrônica (ou outra) a transmissão da fala faz-se sempre pelo ar, da boca do autor para o ouvido do destinatário.
A comunicação depende, portanto, da capacidade de construção da cadeia sonora, da sua transmissão e recuperação e da compreensão do conteúdo pelo ouvinte.

Relação entre a escrita e a oralidade

A língua escrita é a transmissão da língua oral, falada. Contudo, não é a simples transcrição direta da oralidade – tem regras, tem estruturas próprias e autônomas. Tal como há textos orais que não se podem escrever, há textos escritos que não se podem dizer.
A linguagem escrita depende do contexto enquanto a linguagem oral é valorizada pela entoação e pela mímica.
A fala desenrola-se no tempo e desaparece; a escrita tem como suporte o espaço, que a conserva.
A língua escrita é muito mais estável e complexa (em nível de vocabulário e de estruturas das frases); a língua escrita também se modifica, mas muito mais lentamente.
A língua escrita tem um léxico diferente do da língua falada; no entanto, o da segunda é tão rico como o da primeira. Os vocabulários falados caracterizam-se pela riqueza em homônimos (que a ortografia consegue distinguir), em sinônimos e em palavras homófonas, que, por serem pronunciadas exatamente do mesmo modo, podem criar uma barreira na comunicação.
A oralidade e a escrita representam realidades diferentes da língua, que, conforme CAGLIARI (1997), estão intimamente ligadas em sua essência, embora tenham uma realização própria e independente nos usos dessa língua. Quando se realiza a oralidade, nem sempre se pronuncia as palavras da mesma forma como se escreve. Cabe aqui considerar a questão dos alunos que são imediatamente corrigidos pelo professor, quando usam formas como barde (ao se referirem a balde, que é considerada a correta pelo PVOLP (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) na oralidade e, conseqüentemente, na escrita.
Vale ressaltar que a oralidade consiste na produção de sons em uma seqüência temporal e a escrita tem marcas semelhantes feitas no papel, dispostas no espaço. A escrita é bidimensional. Alguns sistemas escritos progridem no decorrer da página, outros por tópicos. Podem ser desenvolvidos em movimentos horizontais e verticais – escrita Ocidental e Oriental.
A escrita consiste num processo mais lento do que ler e falar. Ela é mais durável, podendo ser lida e reproduzida; é independente, ao contrário da oralidade, dispensando, assim, a presença do autor. A escrita, portanto, tem a capacidade de se transferir de um meio a outro.

Conhecendo o aparelho fonador

Sabemos que o meio de expressão de todas as línguas humanas é o som produzido pelo aparelho fonador.
Para realizar a oralidade, o corpo humano não dispõe de nenhum órgão específico, mas utiliza um conjunto de órgãos, chamado aparelho fonador que tem como funções principais a respiração, a deglutição, a mastigação etc, mas também se prestam para executar a fonação.
Assim, a oralidade se processa quando o ar sai dos pulmões, penetra na traqueia e chega à laringe, onde se modifica ao passar pelas chamadas pregas vocais (ou cordas vocais). Quando as pregas vocais estão aproximadas, vibram à passagem do ar, produzindo sons que são chamados de sonoros. Quando as pregas vocais estão relaxadas, o ar escapa sem essas vibrações. Chamamos estes sons de surdos. Ao sair da laringe, o ar passa pela faringe, podendo sair pela boca ou pelo nariz. Os sons que saem pela boca chamamos de "orais" e aqueles que saem pelo nariz chamamos de "nasais".
Os sons que passam pela cavidade bucal podem ser produzidos de várias maneiras. A posição da língua e a posição dos lábios interferem na produção dos sons. Como a língua é um órgão de grande mobilidade, pode tocar o palato e os dentes de diversas formas para modificar o som que vem da faringe.
Desta forma pode-se imaginar o caminho percorrido pelo pensamento, através das células neuronais e do aparelho fonador, até ser exposto em sua oralidade, para se cogitar que a fala é uma representação do ato de pensar.

Esquema do Aparelho Fonador














Práticas Pedagógicas de Escrita e Oralidade


A Comunicação nos dias atuais

Desde o tempo das cavernas, o homem primitivo se comunicava através de sinais, desenhos e símbolos. Através das convenções lingüísticas se estabeleceu seus signos e significados. A comunicação também é transmitida através de gestos, olhares, ícones, placas, símbolos, música, arte, porém foi ampliada pela escrita. Com a chegada da escrita, no século XV, a comunicação, antes restrita a um grupo de pessoas, foi difundida tornando-se pilar das sociedades. No entanto, nos últimos 50 anos a comunicação vem se modernizando famigeradamente. Vimos o jornal, rádio, TV, revistas, celulares, palmtops e a tão falada rede mundial de computadores (internet).
Com a chegada da escrita se facilita a difusão de livros, periódicos e afins. Tornando a comunicação mais complexa. Nos livros a sociedade foi solidificando crenças, crendices, mitos, fábulas, superstições, valores, etc. Apesar disso, o mais importante com a chegada da escrita é a propagação de informações, documentação histórica e o fortalecimento dos pilares científicos.
Todavia, com a chegada do rádio e da TV, a comunicação se modernizou bastante ajudando a difundir acontecimentos com maior velocidade. Além das notícias, nos telejornais ou jornais radiofônicos, também é transmitido diversão e entretenimento para seus espectadores. Mas não para por aí. Os telefones e celulares transformaram a vida em comunidade tornando a comunicação mais rápida. Hoje em dia, além dos conhecidos palmtops, mp3 players, computadores pessoais e notebooks, temos a rede mundial de computadores. A internet vem se popularizando em todo mundo. Criando novas mídias e revolucionando a comunicação, antes era unilateral, hoje “2.0”.
Mas não pára com a internet. Todos os dias o ser humano com essa necessidade insaciável de se comunicar inventa novas tecnologias. Entretanto o homem não precisa de todo esse aparato tecnológico para se comunicar. Uma conversa com um velho amigo sacia sua necessidade de atenção.

Fontes:


http://www.cafecomnoticias.net/comunicacao-das-cavernas-aos-dias-atuais/
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise Fonológica. Introdução à teoria e à pratica, com especial destaque para o modelo fonêmico. Campinas: Mercado das Letras, 2002.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1993
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua portuguesa: 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. MEC/SEF, 1998.

http://elisakerr.wordpress.com/a-arte-de-encadernar/historia-da-escrita/

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