Segundo o autor Luiz Carlos Cagliari a linguística é o estudo científico da linguagem e está voltada para explicar como ocorre o funcionamento da linguagem humana e de como são as línguas em particular. A linguagem existe porque se uniu um pensamento a uma forma de expressão, um significado a um significante. Essa unidade de dupla face é o que chamamos de signo linguístico, o qual está presente na fala, na escrita e na leitura como princípio da própria linguagem.
A linguística na educação de jovens e adultos
levam para a sala de aula toda a experiência que vêm tendo com a oralidade.
A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
No texto “A Construção da Leitura e da Escrita” da autora Maria José Vale Ferreira apresenta uma pesquisa realizada por Emília Ferreiro, que se refere aos diferentes níveis de concepção do sistema escrito. Ela vai mostrando que há passagens de um nível a outro de compreensão do sistema escrito. Os alunos foram convidados a folhear, recortar e colar figuras significativas de várias revistas, para, em seguida, escreverem uma listagem dos nomes dos objetos representados ali. Da listagem elaborada por eles, foram selecionadas cinco palavras: pé, bola, macaco, telefone, motocicleta.
Emília Ferreiro enfatiza que as escritas de um mesmo alfabetizando estão dentro de um “colchete”. De um “colchete” para outro, são diferentes alfabetizandos que escrevem. À frente de cada palavra escrita pelo alfabetizando está, entre aspas, a palavra que o alfabetizando diagnosticado teve a intenção de escrever, isto é, entre aspas, está o modo como o alfabetizando leu o que escreve.
Nível Pré Silábico
1. “Escrita pré-silábica”, do tipo “Grafismos Primitivos”.
Os grafismos são primitivos, com repetição do mesmo sinal gráfico. As escritas são unigráficas. São pseudo-letras, sinais gráficos arbitrários, ondulados ou quebrados, em ziguezague, contínuos ou fragmentados, traços verticais e circulares.
2. Escritas pré-silábicas, do tipo “Escritas Fixas”
Nesse tipo de escrita há um repertório e uma quantidade fixa de grafias para diferentes palavras. Surgem escritas fixas. Uma mesma série de grafias vai compor uma palavra. Uma mesma escrita para diferentes palavras.
PROPOSTA DE ATIVIDADES:
Trabalho com rótulos, marcas e títulos;
Contato com material escrito;
Associar palavras e objetos;
Memorizar palavras, globalmente;
3. Escritas pré-silábicas, do tipo “Diferenciação Intra-Figural”
“Uma palavra deve ter um número mínimo de grafias para poder ser lida”, pensa o alfabetizando. Esse número mínimo varia de pessoa para pessoa, pode variar de 2 a 4 grafias, geralmente 3. Emília Ferreiro denomina este avanço também de “Diferenciação quantitativa intra-relacional” (FERREIRO, 1988: 58-9).
4. Escritas pré-silábicas, do tipo “Diferenciação Inter-Figural”
O sujeito pode primeiro tentar modificar uma palavra da outra, mudando a quantidade de sinais gráficos entre elas, de tal modo que fiquem de tamanhos diferentes (diferenciação quantitativa). O aprendiz pensa da seguinte maneira: “Duas coisas diferentes eu preciso escrever de modo diferente uma da outra” Ou, “Para ler coisas diferentes deve haver diferenças na escrita”.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Analisar palavras quanto às letras (número, inicial, final)
Reconhecer as letras do alfabeto (caixa alta, cursiva e de imprensa)
5. Escritas pré-silábicas do tipo “Escritas Diferenciadas com Início de Correspondência Fono-Gráfica”
No exemplo ao lado, o sujeito coloca no final das palavras que escreve o valor sonoro da palavra falada, e lê a palavra que acabou de escrever, reconhecendo o som e a grafia das vogais já conhecidas. Conflito Básico do sujeito no nível pré-silábico: o que escreve não pode ser lido por outros e nem pelo próprio sujeito depois de alguns minutos. Este é um nível intermediário do pré-silábico para o nível silábico.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Observar a orientação espacial dos textos;
Identificar letras e nomes em textos de conteúdo conhecido.
Identificar letras e nomes em textos de conteúdo conhecido.
Nível Silábico e Nível Silábico-Alfabético
6. Nível Silábico
A letra inicial dos nomes significativos aprendidos vai sendo conhecida pelo sujeito. A aprendizagem do nome das letras iniciais de palavras significativas se torna importante porque o sujeito vai conhecendo o valor sonoro convencional das letras. É a primeira descoberta da relação fono-gráfica. O conhecimento do nome de letras regularmente precede ao conhecimento do valor fonético silábico.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Reconhecer a primeira letra das palavras no contexto da sílaba inicial;
Contar o número de letras das palavras;
Desmembrar oralmente as palavras em suas sílabas;
7. Nível Silábico-Alfabético
O sujeito acrescenta mais letras a cada sílaba oral. “Uma sílaba oral pode ter mais de uma letra”. É o início da fonetização da sílaba. As letras podem ou não ter seu valor sonoro convencional.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Exercícios lacunados com sílabas. Ex: Completar: ____do; ca______lo...;
Discussão sobre as dificuldades ortográficas;
Formar frases;
Nível Alfabético
8. Nível Alfabético
O sujeito escreve foneticamente. Escreve como fala. No nível alfabético, o sujeito atingiu a compreensão do sistema de escrita alfabética.
PROPOSTA DE ATIVIDADES
Formar frases;
Construir textos, cartas e bilhetes;
Discussão sobre as dificuldades ortográficas;
Compor palavras com sílabas;
Compor palavras com letras;
Decompor palavras em suas sílabas;
Ler textos;
Completar palavras com as letras que faltam;
Completar textos com palavras;
Construir frases ou textos com palavras dadas.
TECENDO CRÍTICAS...
Escreve mulé? Tem problema (ou pobrema) de fala. Escreveu sempe, armoço? Conseqüência da má dicção. Escreveu eles não comia? Falta de gramática. Escreveu Os mamão maduro ta docinho? Falta concordância nos pensamentos. Conseqüência: alunos mudos, paralisados, amedrontados; escola mundo à parte da vida; desânimo e evasão escolar. Na roça, o trabalho ajuda. Parece fazer mais sentido ir trabalhar. Na cidade, parece melhor ir vender bala em porta de cinema. Ou mesmo assaltar. (Miriam Lemle,1999, p. 63)
Torna-se necessário refletir e valorizar as especificidades e experiências vividas por esses jovens e adultos, pois no cotidiano escolar se percebe muitas vezes que, a escola que ele acredita, não parte do conhecimento que o adulto tem de sua fala e da fala de seus colegas para ensinar. Ao invés disso, podemos perceber que, a maioria dos programas de alfabetização de jovens e adultos não levam esses fatores em consideração. Desta forma, podemos apontar uma grande dificuldade para o acesso ao funcionamento da escrita e a de sua diferenciação com relação à oralidade. O que podemos perceber é a substituição desse acesso por uma ênfase nos aspectos mecânicos da escrita e o que deveria ser encarado como uma aprendizagem reduz-se à aquisição de uma técnica.
FONTES:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire São Paulo; Ed. Brasiliense, 1981.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 9 ed. São Paulo; Ed. Spicione, 1996.
LEMLE, Miriam. Guia Teórico do Alfabetizador. 14 ed.. São Paulo; Ed. Ática, 1999.
Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=YbrHsTv4QA0&feature=related
Foto: professorvaldeci.com. br
Discentes:
1. Clarice
2. Claudiane
3. Maria Neta
4. Priscila
5. Luzinalva
6. Sirlene
7. Taíse
8. Valdinéia
1 comentários:
Mas bha tchê,gostei demais!!
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