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Quem Somos

Estudantes do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Itapetinga, Bahia. Somos alunos e alunas nascidos nas terras da pecuária, também educadores preocupados com o processo de leitura e escrita na alfabetização e, sobretudo, “conhecedores” da realidade local, aquela que nos “acompanha” em nosso trabalho cotidiano na Universidade. Esta é a turma que reúne a vontade de valorizar as coisas “nossas”, da nossa gente e do nosso espaço. Somos aqueles que através da disciplina Linguística Aplicada à Alfabetização, coordenada pelo Professor Luciano Lima Souza, fomos desafiados a entender “os procedimentos linguísticos” necessários para a realização de um trabalho coerente em leitura e escrita na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos. Aqui, somos investigadores de métodos e teorias que marcam o processo de ensino/aprendizagem na nossa região e somos, igualmente, “pesquisadores” interessados em compreender os elementos estruturantes do nosso idioma que entrelaçam linguagem, cultura e sociedade.
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Fundamentos Linguisticos Para a EJA

Vocês sabem o que é linguística?

Segundo o autor Luiz Carlos Cagliari a linguística é o estudo científico da linguagem e está voltada para explicar como ocorre o funcionamento da linguagem humana e de como são as línguas em particular. A linguagem existe porque se uniu um pensamento a uma forma de expressão, um significado a um significante. Essa unidade de dupla face é o que chamamos de signo linguístico, o qual está presente na fala, na escrita e na leitura como princípio da própria linguagem.
A linguística na educação de jovens e adultos
levam para a sala de aula toda a experiência que vêm tendo com a oralidade.

Além disso, convivem com usos diferenciados de escrita que se encontram presentes na nossa sociedade, tais como propagandas, rótulos, etc. Convivem, assim, com a interferência da atividade lingüística oral e com os vários tipos de produção escrita que estão em sua volta. Neste sentido, um adulto que se inicia na alfabetização já é um falante capaz de entender e falar a língua portuguesa nas circunstâncias de sua vida em que precisa usar a linguagem. Mas não sabe escrever e nem ler. Dessa forma, torna-se perceptível que esses são usos novos da linguagem para ele, e é sobretudo isso o que ele espera da escola. O alfabetizando, ao tentar compreender o que a escrita representa e como representa, vai formulando hipóteses explicativas para as suas dúvidas. O alfabetizando vai compreendendo que a escrita representa a fala e que há um sistema, uma organização própria para escrever. À medida que vai encontrando respostas parciais, vai construindo o conhecimento da escrita e da leitura.

A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

No texto “A Construção da Leitura e da Escrita” da autora Maria José Vale Ferreira apresenta uma pesquisa realizada por Emília Ferreiro, que se refere aos diferentes níveis de concepção do sistema escrito. Ela vai mostrando que há passagens de um nível a outro de compreensão do sistema escrito. Os alunos foram convidados a folhear, recortar e colar figuras significativas de várias revistas, para, em seguida, escreverem uma listagem dos nomes dos objetos representados ali. Da listagem elaborada por eles, foram selecionadas cinco palavras: pé, bola, macaco, telefone, motocicleta.
Emília Ferreiro enfatiza que as escritas de um mesmo alfabetizando estão dentro de um “colchete”. De um “colchete” para outro, são diferentes alfabetizandos que escrevem. À frente de cada palavra escrita pelo alfabetizando está, entre aspas, a palavra que o alfabetizando diagnosticado teve a intenção de escrever, isto é, entre aspas, está o modo como o alfabetizando leu o que escreve.

Nível Pré Silábico

1. “Escrita pré-silábica”, do tipo “Grafismos Primitivos”.

Os grafismos são primitivos, com repetição do mesmo sinal gráfico. As escritas são unigráficas. São pseudo-letras, sinais gráficos arbitrários, ondulados ou quebrados, em ziguezague, contínuos ou fragmentados, traços verticais e circulares.



2. Escritas pré-silábicas, do tipo “Escritas Fixas”

Nesse tipo de escrita há um repertório e uma quantidade fixa de grafias para diferentes palavras. Surgem escritas fixas. Uma mesma série de grafias vai compor uma palavra. Uma mesma escrita para diferentes palavras.



PROPOSTA DE ATIVIDADES:

 Trabalho com rótulos, marcas e títulos;
 Contato com material escrito;
 Associar palavras e objetos;
 Memorizar palavras, globalmente;

3. Escritas pré-silábicas, do tipo “Diferenciação Intra-Figural”

“Uma palavra deve ter um número mínimo de grafias para poder ser lida”, pensa o alfabetizando. Esse número mínimo varia de pessoa para pessoa, pode variar de 2 a 4 grafias, geralmente 3. Emília Ferreiro denomina este avanço também de “Diferenciação quantitativa intra-relacional” (FERREIRO, 1988: 58-9).


4. Escritas pré-silábicas, do tipo “Diferenciação Inter-Figural”

O sujeito pode primeiro tentar modificar uma palavra da outra, mudando a quantidade de sinais gráficos entre elas, de tal modo que fiquem de tamanhos diferentes (diferenciação quantitativa). O aprendiz pensa da seguinte maneira: “Duas coisas diferentes eu preciso escrever de modo diferente uma da outra” Ou, “Para ler coisas diferentes deve haver diferenças na escrita”.




PROPOSTA DE ATIVIDADES

 Analisar palavras quanto às letras (número, inicial, final)
 Reconhecer as letras do alfabeto (caixa alta, cursiva e de imprensa)

5. Escritas pré-silábicas do tipo “Escritas Diferenciadas com Início de Correspondência Fono-Gráfica”

No exemplo ao lado, o sujeito coloca no final das palavras que escreve o valor sonoro da palavra falada, e lê a palavra que acabou de escrever, reconhecendo o som e a grafia das vogais já conhecidas. Conflito Básico do sujeito no nível pré-silábico: o que escreve não pode ser lido por outros e nem pelo próprio sujeito depois de alguns minutos. Este é um nível intermediário do pré-silábico para o nível silábico.



PROPOSTA DE ATIVIDADES

 Observar a orientação espacial dos textos;
 Identificar letras e nomes em textos de conteúdo conhecido.
 Identificar letras e nomes em textos de conteúdo conhecido.


Nível Silábico e Nível Silábico-Alfabético


6. Nível Silábico

A letra inicial dos nomes significativos aprendidos vai sendo conhecida pelo sujeito. A aprendizagem do nome das letras iniciais de palavras significativas se torna importante porque o sujeito vai conhecendo o valor sonoro convencional das letras. É a primeira descoberta da relação fono-gráfica. O conhecimento do nome de letras regularmente precede ao conhecimento do valor fonético silábico.



PROPOSTA DE ATIVIDADES

 Reconhecer a primeira letra das palavras no contexto da sílaba inicial;
 Contar o número de letras das palavras;
 Desmembrar oralmente as palavras em suas sílabas;

7. Nível Silábico-Alfabético

O sujeito acrescenta mais letras a cada sílaba oral. “Uma sílaba oral pode ter mais de uma letra”. É o início da fonetização da sílaba. As letras podem ou não ter seu valor sonoro convencional.


PROPOSTA DE ATIVIDADES

 Exercícios lacunados com sílabas. Ex: Completar: ____do; ca______lo...;
 Discussão sobre as dificuldades ortográficas;
 Formar frases;

Nível Alfabético

8. Nível Alfabético

O sujeito escreve foneticamente. Escreve como fala. No nível alfabético, o sujeito atingiu a compreensão do sistema de escrita alfabética.



PROPOSTA DE ATIVIDADES

 Formar frases;
 Construir textos, cartas e bilhetes;
 Discussão sobre as dificuldades ortográficas;
 Compor palavras com sílabas;
 Compor palavras com letras;
 Decompor palavras em suas sílabas;
 Ler textos;
 Completar palavras com as letras que faltam;
 Completar textos com palavras;
 Construir frases ou textos com palavras dadas.


TECENDO CRÍTICAS...


Escreve mulé? Tem problema (ou pobrema) de fala. Escreveu sempe, armoço? Conseqüência da má dicção. Escreveu eles não comia? Falta de gramática. Escreveu Os mamão maduro ta docinho? Falta concordância nos pensamentos. Conseqüência: alunos mudos, paralisados, amedrontados; escola mundo à parte da vida; desânimo e evasão escolar. Na roça, o trabalho ajuda. Parece fazer mais sentido ir trabalhar. Na cidade, parece melhor ir vender bala em porta de cinema. Ou mesmo assaltar. (Miriam Lemle,1999, p. 63)





Torna-se necessário refletir e valorizar as especificidades e experiências vividas por esses jovens e adultos, pois no cotidiano escolar se percebe muitas vezes que, a escola que ele acredita, não parte do conhecimento que o adulto tem de sua fala e da fala de seus colegas para ensinar. Ao invés disso, podemos perceber que, a maioria dos programas de alfabetização de jovens e adultos não levam esses fatores em consideração. Desta forma, podemos apontar uma grande dificuldade para o acesso ao funcionamento da escrita e a de sua diferenciação com relação à oralidade. O que podemos perceber é a substituição desse acesso por uma ênfase nos aspectos mecânicos da escrita e o que deveria ser encarado como uma aprendizagem reduz-se à aquisição de uma técnica.


FONTES:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire São Paulo; Ed. Brasiliense, 1981.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 9 ed. São Paulo; Ed. Spicione, 1996.

LEMLE, Miriam. Guia Teórico do Alfabetizador. 14 ed.. São Paulo; Ed. Ática, 1999.

Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=YbrHsTv4QA0&feature=related

Foto: professorvaldeci.com. br

Discentes:

1. Clarice
2. Claudiane
3. Maria Neta
4. Priscila
5. Luzinalva
6. Sirlene
7. Taíse
8. Valdinéia

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Da Oralidade à Escrita

Neste texto tentaremos abordar a importância da oralidade e da escrita e sua importância na vida de todos os povos que em lugares distintos, desde os tempos mais remotos até a contemporaneidade. Sabendo que o homem sempre teve a necessidade de se comunicar e que no decorrer do tempo essa comunicação foi sofrendo alterações que levou a mudanças profundas no modo de ser, pensar e agir dos seres humanos.


Mas como surgiu a escrita?

Na pré-história os povos utilizavam figuras para transmitirem informações, assim como encontramos hoje me várias culturas. A comunicação naquele tempo era através de desenhos grafados em pedras.
O desenvolvimento na habilidade do desenho surgiu no período de 30.000 a 25.000 a.C., quando a cultura da Antiga Idade da Pedra passou para o estágio do Paleolítico Superior.

Desenhos, de rabiscos feitos com os dedos na argila úmida, evoluíram para formas mais elaboradas, onde passaram a ser utilizadas as cores e a escala para representar grupos, bem como artifícios que davam a ilusão de movimento.
Nesses desenhos ou nessas marcas já existe o germe de alguma coisa parecida com um rudimento da escrita, sem, no entanto, constituir um sistema regular de notação da linguagem ou mesmo um ponto de partida histórico da escrita propriamente dita.

Escrita Cuneiforme

Sistema de escrita que surgiu na Babilônia, em meados do quarto milênio a.C. Consistia na gravação de caracteres, com haste de ponta quadrada, em tabletes de argila úmida posteriormente cozidos ao forno, resultando em incisões em forma de cunha, razão pela qual foi denominada de escrita cuneiforme.











Embora o Egito localizasse ao lado da Mesopotâmia, sua escrita desenvolveu-se de forma bem diferenciada. Seus escribas criaram os hieróglifos (Hieros = sagrado e gluphein = gravar; escrita dos Deuses) por volta de 3.000 a.C. Sua simbologia era capaz de exprimir, com clareza, qualquer coisa. Ela é mais complexa que a cuneiforme por dividir-se em três partes: os pictogramas, os desenhos estilizados e os fonogramas. Com ela os egípcios deixaram seus registros em todas as áreas, contemplando desde a medicina até a educação, da agricultura aos reinados etc.















Escrita Alfabética


A escrita, até chegar aos sistemas alfabéticos atualmente utilizados, passou por um longo processo de evolução, com inúmeras mudanças e transformações. Essa evolução foi marcada pelo surgimento do sistema de escrita ideográfica (cuneiforme, hieroglífico e chinês), que foi gradualmente conduzido para o fonetismo, sistema onde as palavras passaram a ser decompostas em unidades sonoras.
O fonetismo aproximou, portanto, a escrita de sua função natural que é a de interpretar a língua falada, a língua oral, a língua considerada como som. Dessa forma o sinal se libertaria do objeto e a linguagem readiquiriria a sua verdadeira natureza que é oral. Decompondo o som das palavras, o homem percebeu que ela se reduzia a unidades justapostas, mais ou menos independente umas das outras e nitidamente diferenciáveis. Daí surgiram dois tipos de escrita: a silábica, fundamentada em grupos de sons e a, alfabética, onde cada sinal corresponde a uma letra.
A escrita alfabética foi difundida com a criação do alfabeto fenício, constituído por vinte e dois signos que permitiam escrever qualquer palavra. Adotado pelos gregos, esse alfabeto foi aperfeiçoado e ampliado passando a ser composto por vinte e quatro letras, dividido em vogais e consoantes. A partir do alfabeto grego surgiram outros, como o gótico, o etrusco e, finalmente o latino, que com a expansão do Império Romano e o domínio do mundo ocidental.

A Oralidade

A linguagem oral, em função da sua espontaneidade, acompanha geralmente o desenrolar da experiência e confunde-se com ela. É, portanto, multifacetada e caracterizada pela passagem de um registro de palavras para outro, sem que se consiga bem distinguir os seus limites. A linguagem oral passa de um registro informativo para um registro afetivo. Numa conversação familiar ou numa discussão entre amigos predominam relações diretas, imediatas, face a face.
A forma animada como a palavra é trocada caracteriza-se por formas livres de enunciação, pela incompleta formação de frases, pela condensação de vocabulário, conta ainda com a plasticidade fonética e gestual da enunciação.
A oralidade tem vindo a adquirir uma crescente importância devido aos atuais meios de comunicação social (o discurso radiofônico e televisivo ou as modernas pedagogias audiovisuais, por exemplo).

Informalidade

É a forma mais comum da oralidade, contudo, apesar de raros, também existem casos de discurso oral formal, como em comunicações oficiais, em diálogos de cerimônias ou em momento de uso do poder lingüístico.


O Som

O suporte da oralidade é, sem dúvida, o som. A mensagem produzida tem a forma de cadeia sonora e é assim que esta é percebida. Com ou sem mediação eletrônica (ou outra) a transmissão da fala faz-se sempre pelo ar, da boca do autor para o ouvido do destinatário.
A comunicação depende, portanto, da capacidade de construção da cadeia sonora, da sua transmissão e recuperação e da compreensão do conteúdo pelo ouvinte.

Relação entre a escrita e a oralidade

A língua escrita é a transmissão da língua oral, falada. Contudo, não é a simples transcrição direta da oralidade – tem regras, tem estruturas próprias e autônomas. Tal como há textos orais que não se podem escrever, há textos escritos que não se podem dizer.
A linguagem escrita depende do contexto enquanto a linguagem oral é valorizada pela entoação e pela mímica.
A fala desenrola-se no tempo e desaparece; a escrita tem como suporte o espaço, que a conserva.
A língua escrita é muito mais estável e complexa (em nível de vocabulário e de estruturas das frases); a língua escrita também se modifica, mas muito mais lentamente.
A língua escrita tem um léxico diferente do da língua falada; no entanto, o da segunda é tão rico como o da primeira. Os vocabulários falados caracterizam-se pela riqueza em homônimos (que a ortografia consegue distinguir), em sinônimos e em palavras homófonas, que, por serem pronunciadas exatamente do mesmo modo, podem criar uma barreira na comunicação.
A oralidade e a escrita representam realidades diferentes da língua, que, conforme CAGLIARI (1997), estão intimamente ligadas em sua essência, embora tenham uma realização própria e independente nos usos dessa língua. Quando se realiza a oralidade, nem sempre se pronuncia as palavras da mesma forma como se escreve. Cabe aqui considerar a questão dos alunos que são imediatamente corrigidos pelo professor, quando usam formas como barde (ao se referirem a balde, que é considerada a correta pelo PVOLP (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) na oralidade e, conseqüentemente, na escrita.
Vale ressaltar que a oralidade consiste na produção de sons em uma seqüência temporal e a escrita tem marcas semelhantes feitas no papel, dispostas no espaço. A escrita é bidimensional. Alguns sistemas escritos progridem no decorrer da página, outros por tópicos. Podem ser desenvolvidos em movimentos horizontais e verticais – escrita Ocidental e Oriental.
A escrita consiste num processo mais lento do que ler e falar. Ela é mais durável, podendo ser lida e reproduzida; é independente, ao contrário da oralidade, dispensando, assim, a presença do autor. A escrita, portanto, tem a capacidade de se transferir de um meio a outro.

Conhecendo o aparelho fonador

Sabemos que o meio de expressão de todas as línguas humanas é o som produzido pelo aparelho fonador.
Para realizar a oralidade, o corpo humano não dispõe de nenhum órgão específico, mas utiliza um conjunto de órgãos, chamado aparelho fonador que tem como funções principais a respiração, a deglutição, a mastigação etc, mas também se prestam para executar a fonação.
Assim, a oralidade se processa quando o ar sai dos pulmões, penetra na traqueia e chega à laringe, onde se modifica ao passar pelas chamadas pregas vocais (ou cordas vocais). Quando as pregas vocais estão aproximadas, vibram à passagem do ar, produzindo sons que são chamados de sonoros. Quando as pregas vocais estão relaxadas, o ar escapa sem essas vibrações. Chamamos estes sons de surdos. Ao sair da laringe, o ar passa pela faringe, podendo sair pela boca ou pelo nariz. Os sons que saem pela boca chamamos de "orais" e aqueles que saem pelo nariz chamamos de "nasais".
Os sons que passam pela cavidade bucal podem ser produzidos de várias maneiras. A posição da língua e a posição dos lábios interferem na produção dos sons. Como a língua é um órgão de grande mobilidade, pode tocar o palato e os dentes de diversas formas para modificar o som que vem da faringe.
Desta forma pode-se imaginar o caminho percorrido pelo pensamento, através das células neuronais e do aparelho fonador, até ser exposto em sua oralidade, para se cogitar que a fala é uma representação do ato de pensar.

Esquema do Aparelho Fonador














Práticas Pedagógicas de Escrita e Oralidade


A Comunicação nos dias atuais

Desde o tempo das cavernas, o homem primitivo se comunicava através de sinais, desenhos e símbolos. Através das convenções lingüísticas se estabeleceu seus signos e significados. A comunicação também é transmitida através de gestos, olhares, ícones, placas, símbolos, música, arte, porém foi ampliada pela escrita. Com a chegada da escrita, no século XV, a comunicação, antes restrita a um grupo de pessoas, foi difundida tornando-se pilar das sociedades. No entanto, nos últimos 50 anos a comunicação vem se modernizando famigeradamente. Vimos o jornal, rádio, TV, revistas, celulares, palmtops e a tão falada rede mundial de computadores (internet).
Com a chegada da escrita se facilita a difusão de livros, periódicos e afins. Tornando a comunicação mais complexa. Nos livros a sociedade foi solidificando crenças, crendices, mitos, fábulas, superstições, valores, etc. Apesar disso, o mais importante com a chegada da escrita é a propagação de informações, documentação histórica e o fortalecimento dos pilares científicos.
Todavia, com a chegada do rádio e da TV, a comunicação se modernizou bastante ajudando a difundir acontecimentos com maior velocidade. Além das notícias, nos telejornais ou jornais radiofônicos, também é transmitido diversão e entretenimento para seus espectadores. Mas não para por aí. Os telefones e celulares transformaram a vida em comunidade tornando a comunicação mais rápida. Hoje em dia, além dos conhecidos palmtops, mp3 players, computadores pessoais e notebooks, temos a rede mundial de computadores. A internet vem se popularizando em todo mundo. Criando novas mídias e revolucionando a comunicação, antes era unilateral, hoje “2.0”.
Mas não pára com a internet. Todos os dias o ser humano com essa necessidade insaciável de se comunicar inventa novas tecnologias. Entretanto o homem não precisa de todo esse aparato tecnológico para se comunicar. Uma conversa com um velho amigo sacia sua necessidade de atenção.

Fontes:


http://www.cafecomnoticias.net/comunicacao-das-cavernas-aos-dias-atuais/
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise Fonológica. Introdução à teoria e à pratica, com especial destaque para o modelo fonêmico. Campinas: Mercado das Letras, 2002.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1993
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua portuguesa: 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. MEC/SEF, 1998.

http://elisakerr.wordpress.com/a-arte-de-encadernar/historia-da-escrita/

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Projetos de Leitura e Escrita na Alfabetização



PROJETO DE LEITURA E ESCRITA



A aquisição da linguagem é imprescindível para uma participação social ativa, pois através dela o homem comunica-se, compartilha e estabelece visões de mundo, defende seus pontos de vista, além de informar-se e produzir conhecimento. O papel da escola ao ensinar linguagem consiste na responsabilidade de proporcionar aos seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos sumamente importantes para o exercício pleno da cidadania, direito essencial de todos. Conforme afirma Kramer:
A linguagem é produzida nas interações sociais, marcada pela diversidade, dialógica; [...] A linguagem é central para o processo de desenvolvimento, crescimento, aprendizagem, construção, conhecimento. Vincula-se à imaginação, à criação, ao diálogo, à expressão de saberes, afetos, valores. É na linguagem que se dá o conhecimento do mundo físico e social e pode se dá o conhecimento do outro, na sua expressiva diversidade, dimensões imprescindíveis em qualquer alternativa de educação que se volte para a humanização. (KRAMER, 2010, p. 115).
Pode-se observar em muitas escolas uma excessiva preocupação com a transmissão da escrita em detrimento da valorização do desenvolvimento da leitura, desconsiderando o fato de que as crianças já chegam à escola com conceitos pré-estabelecidos de mundo e, portanto, já sabem ler o universo que as cerca. A alfabetização é “a ação de alfabetizar, tornar o indivíduo capaz de ler e escrever” (Soares, 1998, p.31). Sabe-se que o processo de leitura independe do processo da escrita, o que desmistifica a concepção percebida nas práticas de certos professores, acreditando que se ensinarem a escrita ao aluno, este conseqüentemente aprenderá a ler.
Nessa perspectiva Soares (1998, p.30) afirma:
Ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever: aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar-se da escrita é tornar a escrita “própria”, ou seja, é assumi-la como sua “propriedade”.


Para que o processo de leitura e escrita torne-se mais produtivo e interessante os uma ótima alternativa para se trabalhar em sala de aula são os projetos assim definidos por Lúcia Helena Alvarez Leite (1996, p.28):

Podemos situar os projetos como uma proposta de intervenção pedagógica que dá à atividade de aprender um sentido novo, onde as necessidades de aprendizagens afloram nas tentativas de se resolver situações problemáticas. Um projeto gera situações de aprendizagens ao mesmo tempo reais e diversificadas. Possibilita, assim, que os educandos, ao decidirem opinarem, debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso com o social, formando-se como sujeitos culturais.


Nessa perspectiva, poesia é um recurso fascinante para ser trabalhado desde educação infantil. Através da bela arte da poesia estamos alimentando o hábito da leitura.
O universo da poesia é muito rico e encantador e através desse universo as crianças iniciam-se num maravilhoso mundo da leitura e, esse mundo com certeza será lúdico, prazeroso e bastante agradável.
Sendo assim, o Projeto “Todo Dia Poesia” visou valorizar os encantos das poesias, trabalhando com atividades lúdicas que levem as crianças a pensarem, interpretarem, lerem e escreverem. Mais do que isso houve a pretensão de provocar, através da poesia, o inusitado, o inesperado, a expansão do sentido do que pensavam e queriam dizer as crianças do 1° ano de determinada escola da cidade de Itapetinga no ano de 2009.
O projeto supracitado foi realizado com o objetivo de levar os alunos nele envolvidos, à compreensão do significado das palavras ao entrar em contato com textos poéticos estabelecendo uma relação entre o que é falado e o que está escrito. Foi idealizado um intercâmbio entre casa e escola de forma lúdica e eficaz, o que pôde ser notado na forma como a poesia "A Boneca", de Olavo Bilac foi trabalhada. As crianças puderam escolher uma boneca de pano para ser o mascote da turma e durante o tempo de duração do projeto cada criança teve a oportunidade de levá-la para casa recontando para sua família a poesia.
Outra poesia escolhida pela professora foi "Meu Jardim" de Cyro de Matos o que segundo ela, foi uma experiência marcante.
Em visita ao jardim da escola os alunos puderam identificar a relação entre a escrita e o mundo que os cerca, o que gerou muita alegria e curiosidade nos mesmos. Atrelada à confecção de um painel ilustrando o texto, surgiu a idéia de plantar flores sendo que o girassol foi a flor escolhida pelos alunos.
A partir de então trabalhou-se com a poesia O Girassol, de Vinícius de Morais, e todos os dias as crianças regavam sua plantinha à espera da flor. A sensação de recompensa ao ver os girassóis brotarem foi intensa e as crianças puderam ver que as poesias falavam de algo que pertence à sua realidade, elas aprendiam a ler o mundo.
Como culminância do Projeto, foi realizado um recital de poesias e os pais dos alunos tiveram a oportunidade de observar a evolução dos seus filhos, suas habilidades, competências e criatividade. Como lembrança levaram a tela de girassol pintada pelas crianças e o girassol que elas plantaram.





Segundo a professora que aplicou e idealizou o Projeto, este foi sumamente proveitoso, e através das dez poesias trabalhadas e do empenho em demonstrar que a leitura vai além da decodificação de códigos, as crianças puderam perceber que com criatividade, aprender a ler pode ser extremamente proveitoso. A escrita ficou mais divertida com a confecção de painéis que tinham significado para elas, pois nasceram de uma experiência que as mesmas tiveram. A alegria de ver a família inteirada, por certo trouxe um significado especial, sobretudo para as crianças, que presentearam suas famílias com um recital inesquecível.
Segue abaixo, as poesias trabalhadas no Projeto:







POESIAS


A Boneca - Olavo Bilac
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
— "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...



Leilão de Jardim – Cecília Meireles

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão).


O Papagaio – Lourdes Eustáquio Pinto Ribeiro

Falando pelos cotovelos,
Leva a vida o papagaio.
Sabe de tudo o fofoqueiro.
Sempre a matraquear,
Ele só não sabe ainda
Como parar de falar.


O Girassol – Vinícius de Moraes

Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel

Roda, roda, roda
Carrossel
Roda, roda, roda
Rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor

Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel

Roda, roda, roda
Carrossel
Gira, gira, gira

Girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol.


O canguruzinho – Maria augusta de Medeiros

Nas suas andanças,
Vai dando pulinhos
Com a bolsa na pança.

O que é que ele alega
Que esconde consigo?
Será que carrega,
Lá dentro, o umbigo?

Se leva um lanchinho,
Uma bola, um boné,
Se guarda um carinho
Um cafuné,
Um segredo até...

Um pulo a Paris,
Um beijo gostoso
Ou mesmo o nariz
De algum curioso

Na bolsa que é dele
E não de um qualquer,
Carrega com ele
O que ele quiser...





Meu papagaio colorido – Luís A. Malta.

Eu fiz um papagaio
De quase todas as cores
Verde, amarelo, azul e branco.

De manhã fui soltá-lo
O sol estava brilhando
O papagaio também.

Caíram gotas de chuva
Um arco-íris surgiu
E meu papagaio coloriu.


Eleição – Cyro de Mattos

Na festa das flores
Elegeram a rosa
A mais charmosa
E a mais querida.
Com o voto do jasmim
Foi à margarida,
Mas o girassol
Que amava a violeta
Não ficou nada prosa

Meu Jardim – Cyro de Mattos

Ontem o girassol
Brilhou de sol a sol.
Hoje a borboleta
Brincou com a violeta
E a operosa abelha
Beijou a rosa vermelha.
Amanhã a magnólia
Vai contar a história
Do reizim Valentim
E seu cavalo bandolim.
Coisas coloridas assim
Acontecem em meu jardim.


Leilão de Jardim – Cecília Meireles

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão).




As Borboletas – Vinícius de Moraes

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então...
Oh, que escuridão!

Se eu fosse... – Silvana Pinheiro Taets

Se eu fosse um peixinho
e soubesse nadar
eu brincaria tanto
lá no fundo do mar...

Se eu fosse um peixe-agulha
e soubesse nadar
eu dava um jeitinho
de costurar o mar.

Se eu fosse um peixe-espada
e soubesse nadar
seria um pirata
pra um tesouro encontrar.
11:07

Consciência Fonológica e Trabalho de Alfabetização

APRENDENDO A LER E A ESCREVER DESDE O TEMPO DA VOVOZINHA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA.

Aislane Rocha, Andréia, Francine, Itamar, Lailane, Taline Sá.

_ Vó, qual a letra que você mais gostou de aprender?
_ A letra “A”.
_ Por quê?
_ Porque o “A
” tem o som da água.
Essa conversa que surgiu informalmente e que, a princípio, parecia ser apenas mais uma conversa entre duas gerações principiou a discussão que aqui será travada.
Ao ver Sofia, uma criança de cinco anos, responder às atividades propostas pela escola, D. Zezé, bisavó dessa criança, comentou:
_ Engraçado, nós aprendíamos a ler e escrever de forma bastante diferente.
O processo de letramento foi todo contado por D. Zezé até que a pergunta acima foi feita. A partir deste momento, não mais interessou aquele processo, mas a emoção que envolvia sua aprendizagem. A narradora da história em questão relatou que para ter acesso à escolarização foi necessário que sua mãe carregasse para uma alfabetizadora do município latas de água na cabeça, posto que nesta época, nossa cidade ainda não contava com um sistema hidráulico em funcionamento.
É verdade que esta água garantiu muito mais do que o processo de letramento/alfabetização de D. Zezé. Ela permitiu que hoje pudéssemos utilizar sua história para tratar de um assunto puramente acadêmico, no que diz respeito ao seu estudo, mas verdadeiramente cotidiano, no que diz respeito à sua construção: a CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA.
Compreende-se por consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem (fonemas , sílabas), ou seja, é o
conhecimento acerca da estrutura sonora da linguagem e se desenvolve nas crianças ouvintes no contato destas com a linguagem oral de sua comunidade, se aprofundando com a aprendizagem do código alfabético. Assim, acredita-se que a consciência fonológica é um preditor do sucesso das crianças na aprendizagem da leitura e escrita.
Neste ínterim, o processo de aquisição da linguagem perpassa pela consciência fonológica e se dá de forma evolutiva . É comum vermos crianças de 4 ou 5 anos brincando com nomes dos colegas em jogos de rimas como: "Gabriel cara de pastel, Fabiana cara de banana". Mesmo sem saber que isto é uma rima, a brincadeira espontânea das crianças atesta sua capacidade de consciência fonológica. Isto ocorre, porque a capacidade de perceber semelhanças sonoras no início ou no final das palavras permite fazer conexões entre os grafemas e os fonemas que eles representam, ou seja, favorece a generalização destas relações.
Quando D. Zezé compreendeu que o fonema “A” compunha o som que formava a palavra ÁGUA, ela encontrava-se na mais refinada etapa da consciência fonológica – consciência fonêmica - onde é feita a análise dos fonemas que compõe a palavra. A consciência fonêmica é a última etapa a ser adquirida pela criança.
Muitos estudiosos correlacionam a consciência fonológica e a aprendizagem da leitura. Para tanto, há consenso de que a consciência explícita das unidades fonéticas é potencializada pela aprendizagem de um sistema de escrito alfabético e de que a consciência fonológica é um bom preditor do sucesso das crianças na aprendizagem da leitura e da escrita, e o treino deste tipo de competência facilita a aprendizagem da leitura.
Possivelmente o processo de letramento/alfabetização pelo qual passou D. Zezé não teve por base a discussão da Consciência Fonológica que hoje os cursos de Educação Infantil vivenciam, mas o método tradicional, mesmo que equivocadamente, explorou sons, fonemas, letras e permitiu que D. Zezé se emocionasse meio século depois quando voltasse a falar da letra “A” que permeou sua infância e seu aprendizado.


Em linguística, um fonema é a menor unidade sonora (fonética)
de uma língua que estabelece contraste de significado para diferenciar palavras.
Por exemplo, a diferença entre as palavras prato e trato, quando faladas, está
apenas no primeiro fonema: P na primeira e T na segunda.
Entende-se que a
consciência fonológica se dá em três etapas distintas. A primeira delas é a
Consciência de Palavras na qual há a representação da capacidade de segmentar a
frase em palavras e, além disso, perceber a relação entre elas e organizá-las
numa seqüência que dê sentido. Esta habilidade tem influência mais precisa na
produção de textos e não no processo inicial de aquisição de escrita. A segunda
etapa concerne à Consciência de Sílaba que consiste na capacidade de segmentar a
palavras em sílabas. Esta habilidade depende da capacidade de realizar análise e
síntese vocabular. E a última das etapas está ligada diretamente à Consciência
Fonêmica, a mais complexa de todas elas.
Grafema é o nome dado à unidade
fundamental ou mínima de um sistema de escrita, podendo representar um fonema
nas escritas alfabéticas, uma sílaba nas escritas silábicas, ou ainda uma idéia
numa escrita.

Aspectos da Consciência Fonológica


Para saber mais:

CAPOVILLA, A. G. S. Leitura, escrita e consciência fonológica: desenvolvimento, intercorrelação e intervenções.Instituto de Psicologia, Universidade de são Paulo, 1999.

GODOY, D. M. A. O Papel da consciência fonológica no processo de alfabetização. Pró-fono Revista de Atualização científica, Barueri, SP, v.15, n.3, p.241-250, set-dez.2003.

MARTINS, Cláudia Cardoso. A Sensibilidade fonológica e a aprendizagem inicial da leitura e da escrita. V. 76, p. 41, fev.1991.